O Carnaval no Rio de Janeiro não mais termina na Quarta-feira de Cinzas, agora temos uma semana inteira para folia, mas sou adepta de que tudo que é demais... enjoa!
É tão bom quando fica o gostinho de quero mais, um tanto de saudade...
A música, as ruas sujas, os jovens com seus excessos, os banheiros públicos, necessários, mas que poluem a paisagem, o tráfego confuso, alterado para atender aos blocos deixando-nos presos em engarrafamentos colossais, ufa... Amo carnaval, mas juro que fiquei irritada.
Os blocos perderam a poesia familiar de festa de bairro e passaram a levar multidões que assustam. Parece que uma " Passeata do passado", transformou-se em uma passeata carnavalesca. A maioria anda, bate papo, se arrasta no grupo. A alegria do pular cantando, com braços ao vento, já não faz parte do contexto que caracteriza um bloco. O interesse número um é beber, beber muiiiiiiiito!
E no Sambodromo, o samba quando passa com a grandeza de uma verdadeira Bateria arrebata e mostra a sua fôrça, sacudindo as Arquibancadas. Todos pulam, gritam e contagiados pela magia da música brasileira, irresistível, transmutam a alegria em puro êxtase. Embora o gigantismo das Escolas, reconheço que elas permitem ainda através de suas músicas, o melhor do Carnaval.
Esse êxtase também acontecia nos blocos... hoje é comum vermos detalhes de fantasias colorindo e alegrando as ruas, mas a verdadeira alegria interior não extravasa nos jovens, faz falta os olhos brilhando e o ritmo em"samba no pé" que é parte da beleza do espetáculo.
Carnaval virou Passeata Musical, e mesmo assim, uma vez que o carro de som não alcança sequer os ouvidos de todos que acompanham os blocos, muitos os acompanham em silêncio, apenas de tórax nu ou com uma flor nos cabelos, tentando se enganar que estão brincando carnaval!
detalhe da foto: escultura do artista plástico Claúdio Tovar
